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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Uso sexista da língua: não dê valor aos valores machistas

Foto: blog Penso, logo feministo

Tenho andado pensando sobre a minha infância. Pensei sobre a época da escola. Pensei, pensei. Com o passar dos anos, vi que gênero é uma construção social, eu posso desconstruir e construir novos olhares, a partir das diversas identidades de cada pessoa, você aí também pode. Afinal, temos que ter liberdade para ser o que somos. E assim, sou.
Ah, sei lá, deve ter sido na 2º série do ensino fundamental, na escola da fardinha verde - assim como era conhecida - de onde tenho a primeira lembrança de ser incluída no “ele”. Desde criança sempre me questionei: por que chamar, por exemplo, em uma sala de aula, os meninos e meninas de “eles”. “Eles estão fazendo a lição”; “Eles estarão no recreio daqui a meia hora”; “Eles já estão liberados”. Mas, professora, eu sou menina. Mas também podia me chamar de criança.
Na minha sala só tinha um, dois, três, quatro meninos, não importa o número, o fato é que a maioria sempre foi feminina. Mesmo assim, meninos e meninas eram colocados em uma categoria. Qual foi a escolhida: homem, homem. Apenas um em meio a todas já basta. Sim, isso mesmo. Engajadas(os) com a desconstrução do gênero e da sociedade machista utilizam várias formas: agricultorxs, agricultor@s, agricultoras e agricultores.
Talvez eu tivesse que me refazer em meio ao espaço escolar, naqueles anos que eu tinha oito anos. Só mais uma para quem atua na educação de ensino básico: existem questões de gênero na escola e ali há crianças em idade de formação, essa irá refletir nos seus princípios quando se tornarem adultas. Somos múltiplas identidades.
Qualquer coisa que não dê valor aos valores machistas!
Liberte sua mente. Essa não é uma questão inútil! (Carolina Ferreira)

sábado, 16 de agosto de 2014

‘Feminismo Intersecional’. Que diabos é isso? (E porque você deveria se preocupar)

Foto: Priscilla Caroline. Site Blogueiras Feministas
Feminismo. Feminismo Negro. Transfeminismo. Feminismo Intersecional? O fato de que existem mulheres e as suas particularidades, sejam inseridas em uma ordem econômica, social, étnica ou cisgênera fez com que surgisse o feminismo intersecional. Ele engloba essas singularidades, que provocam privilégios, preconceitos ou até discriminação, inserindo-os no âmbito social. No texto a seguir, Ava Vidal aborda a intersecionalidade. (Carolina Ferreira)
Publicado originalmente com o título: ‘Intersectional feminism’. What the hell is it? (And why you should care) no site do jornal inglês The Telegraph, em 15/01/2014. Republicado por Blogueiras Feministas, em 24/07/2014, clique aqui.
Por Ava Vidal
A intersecionalidade é um termo cunhado pela professora norte-americana Kimberlé Crenshaw em 1989. O conceito já existia, mas ela deu um nome a ele. A definição segundo seu livro é:
A visão de que as mulheres experimentam a opressão em configurações variadas e em diferentes graus de intensidade. Padrões culturais de opressão não só estão interligados, mas também estão unidos e influenciados pelos sistemas intersecionais da sociedade. Exemplos disso incluem: raça, gênero, classe, capacidades físicas/mentais e etnia.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O que é transfeminismo?

Ilustração: Carol Rossetti
Já abordamos aqui o termo transgeneridade. Agora trazemos as raízes históricas do transfeminismo, no qual são pautadas as lutas por direitos das pessoas trans* e a desconstrução binária do gênero. Deste modo, discutir sobre questões trans* é muito mais falar em identidade de gênero do que em sexualidade. Temos, então, o transfeminismo: mas, afinal, por que houve a necessidade deste empoderamento? (Carolina Ferreira)

Por Hailey Kaas
Introdução Geral
O que é transfeminismo? Como surgiu? O que o difere das correntes atuais do feminismo?
Pode-se dizer que o transfeminismo é uma corrente do feminismo tradicional, porém divergem em alguns pontos, como veremos.
Certamente, o transfeminismo bebeu dos primeiros movimentos feministas e dos conceitos feministas em si. Argumenta-se que tenha surgido no meio da segunda onda feminista, em forma de crítica e de reformulação do feminismo da época para a inclusão de pessoas trans* dentro da agenda feminista. Por isso, a segunda onda feminista foi combatida pelo transfeminismo e por novas correntes feministas (terceira onda) no que diz respeito a essencialização e biologização do corpo “feminino”.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Eu não devia precisar de uma desculpa para ser virgem


Shae Collins. Foto: site Xojane


Os debates dos posicionamentos do feminismo com relação à sexualidade têm seus pontos mais populares: violência sexual, prostituição e ainda a prática da libertação sexual. Neste último, temos uma das questões: “quão libertas ou castas podemos ser, afirmando que esta decisão não é o patriarcado que a está direcionando?”. O texto fomenta uma reflexão sobre ser virgem e ser feminista, através do relato de uma jovem de 22 anos. (Carolina Ferreira)

Por Shae Collins
Alguns meses atrás, minhas amigas estavam ao redor de uma mesa falando sobre os lugares mais bizarros em que já fizeram sexo. Quando chegou na minha vez, seus queixos caíram com minha resposta. Então, alguém soltou um suave “Awww”, — do tipo que você faz para um bebê, logo depois que ele solta um arroto. Foi a primeira vez que eu admiti para um grupo de feministas que eu era virgem — algo do qual eu tive vergonha por um tempo.
Eu não sou religiosa, não tenho medo de sexo e tenho um namorado incrível há 2 anos, que estaria na minha porta em segundos com uma caixa de preservativos se eu fizesse aquela ligação convocando-o. Além de tudo isso, de vez em quando escrevo para um site sobre sexo chamado ‘Slutist’. Mas, apesar de todos esses fatores, eu sou uma virgem de 22 anos.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Sociedade capitalista, racismo e sexismo: a importância da autocrítica feminista

O texto a seguir promove o debate do feminismo além do gênero, levando-o às questões de raça, em que o feminismo negro é incorporado e tem papel primordial. A autora ainda critica algumas produções científicas acerca do tema gênero e reforça a relevância para que elas sejam mais ativistas, o que seria uma forma de aproximá-las do dia a dia da mulher negra pobre, que compõe parte significativa do mercado trabalho, no qual o sistema é capitalista, sexista e racista.(Carolina Ferreira)

Divulgado pelo site Blogueiras Negras 
(http://blogueirasnegras.org/), em 16/06/2014.


Angela Davis, ativista norte-americana

Por  Marjorie Chaves


À medida que mais e mais mulheres adquiriram prestígio, fama ou dinheiro a partir de textos feministas ou de ganhos com o movimento feminista por igualdade no mercado de trabalho, o oportunismo individual prejudicou os apelos à luta coletiva.
bell hooks
Não há capitalismo sem racismo.
Malcolm X
Não há luta antirracista e antissexista fora da luta de classes. Pesquisas que sintetizam informações estatísticas desagregadas em gênero e raça como o Anuário das Mulheres Brasileiras (2011) evidenciam a situação de indigência e pobreza vivida por mulheres negras e a sua concentração em postos de trabalhado vulneráveis como o trabalho doméstico e o de cuidados em regiões metropolitanas e Distrito Federal. Os recentes estudos sobre relações de gênero no mundo do trabalho pouco têm avançado em considerar a questão racial como um dos principais elementos na distribuição de lugares e papéis sociais que constituem as desigualdades na sociedade capitalista.