domingo, 17 de agosto de 2014

Rapaz, eu nem sei por que acordei desatinado

Ilustração: Luís Marques.
Viver é um acaso de fronteiras inacabadas. Eu pensava assim até me deparar com a figura de uma pedra roxa, meio esverdeada com um quê de megalomania de insetos mortos. De qualquer maneira, isso não importa, apenas um sonho noturno de mais uma madrugada sem saber se meu pênis um dia nascerá vagina-flor.
Gostaria de uma argamassa que ignorasse toda essa burocracia de psicólogo, fila de espera no SUS, brigas com meus familiares e reverberações íntimas entre mim e eu. Pegasse a argamassa, colocasse entre as minhas pernas e, com um pouco de jeito, moldasse numa vagina-flor. Prefiro pensar assim, a sensação é de calma e a vagina-flor se torna mesmo flor de maracujá recém florescida do pé do sítio de vovó.

Todos que sejam iguais a mim, deixem o cigarro de lado, aproveitem a argamassa imaginativa, lutem por sonhos, sigam com o mar, numa ciranda de roda, interligando ideias, entrelaçadas, bordadas, desimpedidas, aquareláveis para se amar. (Luís Marques).

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