quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sobre o termo cisgênero, o equívoco da língua e o político na sigla LGBT

Voltando ao termo cisgênero, assunto abordado em outra postagem nossa (http://reconvexoegenero.blogspot.com.br/2014/05/o-que-sao-pessoas-cis-e-cissexismo.html), neste texto a autora explica, principalmente, acerca da necessidade de problematizar as evidências de sentidos do termo e sua aplicação política na causa transgênera. Texto divulgado pelo site http://transfeminismo.com/ em 28 de junho de 2014. (Rodrigo Andrade).

Por Bia Bagagli
Foto: site Transfeminismo


         Escrevo este texto pensando o encontro que a defensoria pública realizou para falar sobre “identidades trans”, em que estavam presentes a psicóloga Bárbara Dalcanale Menêses e o assessor técnico do centro de referência LGBT, Márcio Régis Vacon como palestrantes. Ao se falar sobre transgeneridade, é urgente problematizarmos certas evidências de sentidos, na medida em que considero extremamente importante o não apagamento do político da questão transgênera. Aprendi com a análise de discurso fundada por Michel Pêcheux (AD) que a impressão que as palavras designam inequivocamente coisas e objetos no mundo se dá através de um efeito ideológico; também aprendi, contudo, que a ideologia funciona pela falha. Isso significa dizer, entre outras coisas, que o sentido, apesar de parecer evidente, pode ser sempre outro, a partir do momento em que a língua (para significar) necessita da inscrição da história, e com isso, os sentidos estão sempre já divididos pelas contradições das lutas de classes. Dizemos, portanto, que a linguagem não é transparente, já que ela não designa de forma unívoca; ela é, ao contrário, opaca.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Sociedade capitalista, racismo e sexismo: a importância da autocrítica feminista

O texto a seguir promove o debate do feminismo além do gênero, levando-o às questões de raça, em que o feminismo negro é incorporado e tem papel primordial. A autora ainda critica algumas produções científicas acerca do tema gênero e reforça a relevância para que elas sejam mais ativistas, o que seria uma forma de aproximá-las do dia a dia da mulher negra pobre, que compõe parte significativa do mercado trabalho, no qual o sistema é capitalista, sexista e racista.(Carolina Ferreira)

Divulgado pelo site Blogueiras Negras 
(http://blogueirasnegras.org/), em 16/06/2014.


Angela Davis, ativista norte-americana

Por  Marjorie Chaves


À medida que mais e mais mulheres adquiriram prestígio, fama ou dinheiro a partir de textos feministas ou de ganhos com o movimento feminista por igualdade no mercado de trabalho, o oportunismo individual prejudicou os apelos à luta coletiva.
bell hooks
Não há capitalismo sem racismo.
Malcolm X
Não há luta antirracista e antissexista fora da luta de classes. Pesquisas que sintetizam informações estatísticas desagregadas em gênero e raça como o Anuário das Mulheres Brasileiras (2011) evidenciam a situação de indigência e pobreza vivida por mulheres negras e a sua concentração em postos de trabalhado vulneráveis como o trabalho doméstico e o de cuidados em regiões metropolitanas e Distrito Federal. Os recentes estudos sobre relações de gênero no mundo do trabalho pouco têm avançado em considerar a questão racial como um dos principais elementos na distribuição de lugares e papéis sociais que constituem as desigualdades na sociedade capitalista.

sábado, 26 de julho de 2014

Banheiros, próteses de gênero: uma análise para além da sujeira

Texto divulgado pelo blog Ensaios Sobre Gênero. Nele, o autor discute sobre as questões de masculinidade e feminilidade nos banheiros públicos, fazendo uma analogia à sociedade e suas diretrizes na construção do gênero, seja ele feminino ou masculino. Reportagem divulgada em 04/05/2012 (http://ensaiosdegenero.wordpress.com/). (Rodrigo Andrade)

Foto: site Ensaios Sobre Gênero

Por Lucas Passos
Ocupado ou livre, banheiro masculino ou feminino, homens ou mulheres, chapéu masculino ou feminino, damas ou cavalheiros, pictograma masculino ou feminino – o que há por trás dos banheiros públicos, dos mictórios, daquelas cabines onde você, estando apertado ou não, vai fazer merda, mijar, os dois, alguém está com diarréia? Aliás, parece justo supor que existe um mais do que a matéria, do que a organização, do que o pictograma masculino ou feminino, um tipo de relação de poder que seria anterior a essas representações e que fosse mesmo o lugar por onde elas emergiram? O banheiro público está a serviço de quem? Da merda, da urina? Pensemos, por exemplo, a partir do texto Banheiros públicos segregados: mais um ataque aos LGBT, de Adriano Senkevics nesse blog, no cartunista Laerte Coutinho, indo ao banheiro feminino e sendo barrado, depois de reconhecido, porque no “fundo da cena”, além das roupas femininas, do cabelo longo, da maquiagem, Laerte é homem e Laerte deve ir ao banheiro masculino, ao banheiro que está sob o signo de “cavalheiros”, “chapéus masculinos”, o famoso pictograma masculino que indica que aqui sim é um banheiro para homens!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Nome social no Enem

A matéria a seguir destaca a importância histórica da medida tomada pelo MEC de incluir o nome social no seu edital do Enem 2014. Essa contribuição fortalece o rompimento das desigualdades de gênero. (Jéssika Queiroz)

Transexuais e travestis têm a oportunidade de usar o nome social no Enem



   A liberação foi autorizada pelo MEC, mesmo não estando no edital do exame. A medida já era esperada pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (AGBLT), que se reuniu em audiência com o ministro da Educação, José Henrique Paim. A associação abraçou a causa desde a última edição do Enem, quando candidatas transexuais relataram constrangimentos ao assinar um formulário destinado a estudantes que não tinham identidade ou documentos oficiais. Segundo Toni Reis, secretário de Educação da AGBLT, embora Paim tivesse garantido que a inclusão do nome social já constaria do edital do Enem 2014, a opção discriminada no site já é um avanço.
   Mais de 68 transgêneros se inscreveram. A medida foi atrativa e espera-se que o número de candidatos aumentem porque, diferente do que ocorreu ano passado, as pessoas não vão passar por constrangimentos no dia da prova. A atual dificuldade é: o nome social não consta no cadastro, ele foi passado por telefone pelos interessados. O fim do prazo para a solicitação foi junto com o fim das inscrições. Agora, o Inep está ligando e confirmando o nome social, a forma de tratamento e o banheiro que quer utilizar.
   Algumas instituições de ensino superior, como a Uerj, a Universidade Federal de Sergipe (UFSE) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) já permitem a adoção do nome social. Na educação básica, em grande parte do país também já fazem o uso do nome social sem grandes problemas. 

Matéria originalmente publicada no  Brasileiríssimos

terça-feira, 22 de julho de 2014

Libertem-se!


Homens são criados para comandar o mundo. Desde as mamães que fazem questão de que seus filhos não lavem os pratos até a educação sexual que manda “pegar geral”. A construção da masculinidade segue padrões rígidos que vão da primeira bolinha de futebol até a obsessão pelo tamanho dos órgãos genitais. O problema é que essa construção social é frágil, e quando ameaçada por qualquer demonstração de fraqueza, afeto ou qualquer coisa que seja lida como “feminina”, torna-se sinal de fragilidade ou emasculação. 

Essa hipermasculinidade tão incensada e tão insensata que se julga séria vem sendo discutida através da campanha “Homens, Libertem-se/MenGetFree”, do coletivo mo[vi]mento MG/RJ em parceria com o grupo de teatro The Living Theatre, de Nova York. 

A ideia da campanha é questionar o sistema patriarcal e as dimensões da construção do homem, promovendo maior respeito entre os gêneros. 


A campanha pede a libertação dos homens pela quebra dos aspectos que giram em torno do “gênero masculino”, pelo desfrutamento da liberdade de ser quem é e não o que a sociedade machista impõe. Somos muitos, todos diferentes e o respeito por nossas diferenças não deve ser pedido e nem conquistado, respeito é um direito universal.

Jéssika Queiroz

domingo, 13 de julho de 2014

A prostituição na Paraíba

A professora Loreley Gomes Garcia, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba, tem realizado pesquisas sobre a prostituição. Um de seus mais recentes trabalhos foi sobre a prostituição no interior da Paraíba, nas cidades de Mamanguape, Mari, Sapé e Guarabira. Para muitas pessoas, a prostituição é vista como atividade indigna, mas a pesquisa revelou que existem mulheres prostitutas que têm apoio da família e da comunidade. O repórter Luís Marques explica mais sobre esse assunto no áudio abaixo. 


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Homens vestidos de mulheres nos anos 50

foto: Luís Marques
“Homem que é homem se veste como tal”, “vai usar essas roupa coladinha de mulherzinha, é?”. Essas falas, provavelmente, muitas das pessoas que leem este post já ouviu de alguém. Um dos pontos polêmicos sobre as questões de gênero é quando se fala na dissociação entre orientação sexual e identidade de gênero. Enquanto a primeira diz respeito a atração sexual, a segunda é o gênero com que a pessoa se identifica. Muitas pessoas argumentam, erroneamente, que se um homem gosta de se vestir como mulher, então, automaticamente, ele será gay.