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Gênero? Eu
sou mulher, você é homem? Desconstrua, construa. Acordo. Qual roupa irei usar?
Talvez aquela saia longa e minha blusa azul que minha mãe fez com o pensamento
de me moldar. Não, hoje estou a fim de usar aquela calça folgada com minha
jaqueta preta.
Quem sabe
há cinco anos eu me visse fadada a ser o que não quero. Sob construções sociais
que perpassaram dia a dia. Minha jaqueta masculinizada e meu olhar feminino
remetem a um estilo meio Sid Vicious meio Audrey Tautou. Mas, espera aí, existe
um olhar feminino? Construções.
Escolhi.
Vou com a calça, a jaqueta e a blusa azul. Estou sendo. Um dia desses estava
lendo sobre conceitos de gênero. Entre os tantos que existem, a historiadora estadunidense
Joan Scott utiliza o princípio de desconstrução do francês Jacques Derrida e
reflete: “gênero é construído sobre a
base da percepção da diferença sexual; e gênero é uma forma primária de dar sentido às relações de poder” (SCOTT, 1995). Deste modo, existe a hierarquização que
está relacionada a relações sociais. A autora busca a compreensão da maneira
que são construidos os significados culturais das diferenças entre sexos.
O que faço
para buscar a ressignificação do masculino e feminino? De acordo com Scott, a
resposta está na linguagem e no discurso. Quando chegar em casa pensarei nisso,
agora vou fazer sentido lá fora, nas experiências do meu cotidiano, vou mostrar
o quanto: “sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher [...] Mas sou minha, só
minha e não de quem quiser, sou Deus, tua Deusa, meu amor”. Já dizia Renato
Russo.
Carolina Ferreira
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